Crise generalizada coloca em risco a Saúde Pública na região
- 15 de junho de 2018
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- Postado em CastilhoRegiãoSaude e Bem Estar
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Ausência de especialistas e interrupções de tratamentos são alguns dos problemas que preocupam secretários de Saúde de todas as cidades
Todos os 40 municípios da região administrativa de Araçatuba que utilizam os serviços de saúde do Hospital Estadual “Dr. Oswaldo Brandi Faria”, de Mirandópolis – HEM, estão à beira de um grave problema que coloca em risco a vida de dezenas de pacientes.
Ofício encaminhado às Secretarias e Departamentos de Saúde de toda a região nesta quinta-feira, dia 14, revela que a instituição ficará sem médico Pediatra a partir das 07h deste sábado (16) até as 07h de domingo. A ausência de especialista volta a ocorrer no domingo (17), quando faltará Ortopedista na unidade das 18h às 06h do dia seguinte.
O problema continuará na segunda e terça-feira (dias 18 e 19), quando o único Hospital Referência da região ficará novamente sem Pediatra das 10h30 às 5h30 e das 23h às 5h30, respectivamente.
A falta de médicos especialistas no HEM não é recente. Nossa reportagem teve acesso a 04 outros Ofícios emitidos pelo Hospital Estadual de Mirandópolis comunicando ausências nos dias 17 de maio de Ginegologista/Obstetra, Ortopedista e Pediatra; Cirurgião no dia 18/05 e Ortopedista novamente nos dias 19 e 20. A situação ficou ainda mais tensa entre os dias 21 e 24 de maio, quando a instituição permaneceu sem o serviço de pediatria por um total de 56 horas e sem o Cirurgião nas 24h do dia seguinte.
Um terceiro Ofício – datado do dia 30 de maio, comunicou a ausência de Pediatra nos dias 04 e 05 de junho e do Ortopedista no dia 08. Um outro comunicado expedido em 08 de junho anunciava a falta de Cirurgião no dia 10 e de Pediatra nos dias 11 e 12.
A ausência do pediatra naquela unidade de Saúde, impossibilita completamente a realização de partos normais e com isso, todos os municípios – inclusive Castilho, estão correndo um grave risco, pois dependerão exclusivamente das vagas disponíveis em outros municípios em caso de alguma emergência que exija a presença destes especialistas.
Nos ofícios encaminhados ao Departamento Regional de Saúde de Araçatuba (DRS II) e repassado a todos os setores de Saúde das cidades de nossa região, o dr. Paulo Roberto dos Santos, chefe de Saúde do Hospital Estadual de Mirandópolis lamenta a situação e informa que a instituição “esgotou todas as possibilidades para manter as devidas especialidades e garantir o atendimento à população, mas não obteve sucesso”.
Para se ter ideia da gravidade da crise, circulam rumores na região de que o Dr. Ciro Renato El-Kadre, diretor técnico de Saúde do Hospital Estadual de Mirandópolis, pedirá exoneração do cargo.
OUTROS CASOS – A situação caótica na área de Saúde Pública não está limitada ao HEM. Recentemente, o AME de Andradina anunciou que a dra Terezinha M. G. Manteiga, uma das raras infectologistas de toda a região, não estará mais à serviço da instituição. A ausência desta especialidade no quadro do AME compromete o atendimento e continuidade dos tratamentos em pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, como a Aids e a hanseníase, por exemplo.
Para agravar ainda mais a situação, o Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de Buritama, conhecido como Instituto de Olhos, informou recentemente que não oferecerá mais o tratamento de glaucoma aos municípios que compõem a Diretoria Regional de Saúde de Araçatuba. A decisão da instituição surpreendeu os dirigentes de Saúde de toda a região, já que a entidade recebe recursos federais para desenvolver os seus trabalhos e é o único da região de Araçatuba, credenciado pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência. Naquela unidade, as principais patologias atendidas são as que podem levar à cegueira irreversível se não forem tratadas, como catarata, retinopatia diabética e o próprio glaucoma. A importância de Buritama para a saúde ocular da região pode ser medida em números que, apesar de desatualizados, permitem esta avaliação: até 2012, cerca de 10 mil pacientes haviam sido atendidos pelo Instituto, número este que corresponde a mais que a metade da população do município à época.
“A cada dia que passa estamos ficando com menos opções de prestar atendimento de qualidade para os nossos cidadãos. Estamos vivenciando uma séria crise e acredito que seja hora do Ministério Público intervir para assegurar o direito da população à Saúde Pública”, desabafou a Secretária de Saúde de Castilho, Janini Nascimento.