Prisão de Gilson e servidores mobiliza prefeitos de toda região em Carta de Repúdio
Semana passada a prisão pouco comum de um prefeito da região juntamente com quatro servidores públicos municipais tornou-se o foco principal da imprensa. O prefeito Gilson Pimentel (PSDB), de Murutinga do Sul, e outros quatro funcionários da prefeitura, foram detidos na noite de quarta-feira (13) por causa de uma denúncia de depósito irregular de lixo em um aterro sanitário interditado pela Cetesb. A prisão realizada pela Polícia Civil de Andradina, levou todos eles à Delegacia Seccional de Andradina, onde ficaram detidos após prestarem depoimento.
Eles permaneceram presos até a tarde de quinta-feira (14), quando o juiz Jamil Nakad Junior, do Fórum de Andradina, os liberou após a audiência de custódia. De acordo com a imprensa regional, a Cetesb havia informado à Polícia Civil que a prefeitura de Murutinga estava despejando entulho no aterro localizado na via de acesso Idílio Romio, que funcionou de forma irregular por mais de uma década. No ano passado, a área foi interditada, mas a prefeitura continuou depositando lixo no local.
Durante diligência para apurar a denúncia, os policiais se dirigiram ao aterro, onde encontraram um motorista e dois auxiliares. Os três informaram que a determinação para despejar entulho partiu de um fiscalsubordinado ao prefeito.Eles foram detidos em flagrante ali mesmo, enquanto Gilson e o fiscal foram presos na própria prefeitura da cidade.
REAÇÃO DE REPÚDIO – O fato inusitado foi prontamente repudiado por prefeitos e outras autoridades que representaram 26 municípios da região durante um encontro realizado na manhã de domingo (17), em Murutinga. Eles assinaram um documento denominado “Carta de Murutinga”, no qual repudiam publicamente a ação policial que resultou nas prisões. O documento foi encaminhado ao governador do Estado de São Paulo e à Secretaria da Segurança Pública, entre outros órgãos governamentais.
Segundo relatou o jornalista Sérgio Nunes, os prefeitos que assinaram o documento se mostraram “inconformados com o que consideraram uma arbitrariedade da autoridade policial”. Entre os discursos proferidos em favor de Gilson e seus servidores, o jornalista destaca o prefeito Júlio César Gomes,de SudMennucci, que é também o atual presidente da AMENSP. Segundo o relato, este prefeito “se mostrou indignado com a ação da polícia e chegou a levantar a possibilidade de uma perseguição política contra o prefeito Gilson Pimentel. Gomes lembrou que mais de 80% dos municípios brasileiros não possuem aterro sanitário e disse estranhar jamais ter ouvido falar de um prefeito que tenha sido preso por isso”.
Outro prefeito cujo discurso enfático chamou atenção do jornalista foi Flávio Adalberto Ramos Giussani, de Braúna, cujo inconformismo se registrou “principalmente por saber de todo empenho que o prefeito Gilson vem fazendo para buscar uma solução em nível regional” para este problema de saneamento.
DESCULPAS – Após receber e agradecer o apoio de todos os colegas ali presentes, o prefeito Gilson se desculpou publicamente com os servidores detidos juntamente com ele. Ainda segundo o jornalista Sérgio Nunes, o prefeito “disse não querer acreditar que a polícia civil se prestaria a um papel que desviasse do padrão de comportamento ético que ela sempre demonstrou, mas destacou que diante das circunstâncias não poderia deixar de apurar quais as razões que motivaram as prisões”.
A repercussão deste fato divide opiniões em toda a região. Palavras creditadas ao prefeito araçatubense, Dilador Borges (PSDB) ressaltam as dificuldades que todos os administradores municipais têm enfrentado para manter suas finanças em dia, ao passo que os governos Federal e Estadual transferem cada vez mais as suas responsabilidades para prefeitos que mal conseguem pagar as contas de seus Municípios.
