Câmara aprova projeto de Juliano que torna preferencial o atendimento a pessoas com fibromialgia
- 13 de março de 2020
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A Câmara de Vereadores de Castilho aprovou pela unanimidade de seus votos na sessão desta segunda-feira (09), um Projeto de Lei criado pelo vereador Juliano Farias Viscovini com objetivo de reduzir parcialmente o sofrimento das castilhenses diagnosticadas com fibromialgia.
Assim que a nova Lei for regulamentada pela Prefeitura de Castilho, as mulheres (e até homens, embora os casos sejam mais raros) diagnosticadas com FIBROMIALGIA, passarão a ter os mesmos direitos de preferência no atendimento que os portadores de deficiência, idosos com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo.
A medida proposta por Juliano é válida para todo o comércio, instituições financeiras, lotéricas, Correios e também prédios públicos pertencentes ao município. Juliano conta que a ideia surgiu após conversar com várias mulheres que enfrentam os problemas causados pela fibromialgia no dia a dia e realizar uma série de pesquisas em legislação semelhante adotada por centenas de outros municípios brasileiros, entre os quais, Birigui, cuja proposta apresentada pelo vereador Leandro Moreira tramitou recentemente pelo plenário.
Falando sobre sua iniciativa, Juliano contou ao JORNAL PORTAL DE NOTÍCIAS que na próxima semana encaminhará um Requerimento à prefeita Fátima Nascimento solicitando urgência na regulamentação da Lei. Para que os efeitos da proposta tenham efeito, a Prefeitura deve criar a forma correta de identificação dos pacientes fibromiálgicos com direito ao atendimento preferencial.
“A sugestão é que seja emitida uma carteirinha própria na qual o médico ateste a condição e sejam produzidos adesivos para identificar veículos conduzidos por pacientes fibromiálgicos. Isso não acarretará grandes custos, e também ajudará o Município a tabular a quantidade de cidadãos que enfrentam este problema atualmente”, explicou Juliano.
O QUE É A FIBROMIALGIA
A Fibromialgia (CID 10 M79. 7) é uma síndrome comum, na qual a pessoa tem como principal sintoma dores no corpo todo durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos moles.
Para ajudá-lo a entender um pouco mais sobre esta doença, nossa reportagem ouviu duas castilhenses entrevistadas por Juliano durante o processo de elaboração da nova Lei.
O relato de ambas ajudará os leitores a entender os efeitos benéficos desta medida simples e eficiente:
COMPANHEIRA INDESEJÁVEL E DOLOROSA
A cozinheira Nice Del Negro, 47, convive a cerca de 20 anos com a fibromialgia. “A pior parte é levantar no período da manhã. Acordo quase todos os dias com uma sensação de formigamento e fortes dores nos pés. É preciso ter força de vontade para sair da cama e iniciar os trabalhos domésticos, porque as dores vão desaparecendo apenas conforme aumenta a circulação do sangue pelo corpo, período que pode levar até mais de uma hora”, relata.
Nice descobriu a fibromialgia após realizar incontáveis exames médicos e passar por vários especialistas. “O diagnóstico é difícil e o tratamento é basicamente um conjunto de medicamentos aliados a boas atitudes positivas, porque a fibromialgia costuma causar uma sensação de impotência em nós, principalmente quando precisamos fazer alguma coisa e as dores incomodam tanto que acabamos desistindo da tarefa”, acrescenta a cozinheira.
Além das dores e sensação de incapacidade, a fibromialgia costuma causar vários outros efeitos no corpo e na mente daqueles que a possuem. “Se caminhar já é uma dificuldade, imaginem andar de bicicleta então, ou permanecer muito tempo em pé, numa fila ou realizando alguma atividade doméstica”, acrescenta a dona de casa Josirene Maria, que diariamente, percorre um trajeto de quase 05km entre ida e vinda de sua casa, localizada nas proximidades da Praça da Bíblia, até a residência de sua mãe, no bairro Laranjeiras.
Tanto Nice quanto Josirene possuem algo em comum em suas respectivas profissões: Ambas realizam tarefas extremamente repetitivas, que aumentam as dores pelo corpo.
“Como cozinheira, permaneço o tempo todo em movimento e em pé, sempre movimentando alimentos levados ao fogo e forno ou lavando utensílios. O abrir e fechar da geladeira e a atenção ao fogão também ampliam as dores”, relata Nice sobre o seu dia a dia. “Trabalho no ramo de confecções e faço pequenos reparos em algumas peças para os meus clientes. Nessas ocasiões passo muito tempo sentada, na mesma posição, cosendo, recortando peças, guiando as roupas na máquina, etc.”, lista Josirene.
Foram exatamente tais dores, ausência de força nos músculos e incapacidade de permanecer longos períodos em pé que fez Nice recusar vários convites para trabalhar em cozinhas de diferentes restaurantes nos últimos dois anos, período em que a fibromialgia tornou-se mais incapacitante e as doses diárias de medicamentos aumentou.
Para combater os efeitos da doença, Josirene mantém uma rotina diária de atividades que envolvem exercícios físicos como pilates, hidroterapia, o cuidado constante com seu jardim (xodó da casa), além de medicamentos específicos.
Não é à toa que, não raro, as fortes dores causadas em nervos e juntas são interpretadas como artrose, artrite, reumatismo e tendinite, até que exames mais abrangentes confirmem a fibromialgia e o tratamento adequado seja indicado para cada caso.