O governo de São Paulo desistiu de construir o Museu da História do Estado de São Paulo 14 anos após o processo de desapropriação da Casa das Retortas, espaço inaugurado no fim do século XIX para funcionar como usina de gás de carvão.
O processo de restauração do edifício ficou mais caro e inviável por causa de problemas ambientais, como a contaminação do solo.
Durante o período, foram gastos cerca de R$ 100 milhões:
O estado pagou cerca de R$ 40 milhões pelo restauro;
E cerca de R$ 50 milhões para recuperar o solo do local;
Para a conclusão das obras, são estimados mais de R$ 30 milhões;
Atualmente, as obras estão paradas.
Por mês, apenas para garantir a segurança da obra parada, o estado desembolsa mais de R$ 81 mil. De 2019 até julho de 2023, gastos com água e outros serviços de manutenção ultrapassaram mais de R$ 3,5 milhões.
Apenas com água, de 2019 até fevereiro de 2023, foram gastos mais de R$ 126 mil reais. Até maio, foram gastos R$ 105 mil com a capina na Casa das Retortas, que fica no Brás, região central da capital.
Silvania de Medeiros, comerciante que mora há 30 anos na região, disse que as obras foram suspensas e ninguém mais apareceu. “Eles falam que vão retomar, mas só”.
A Casa das Retortas fica em um terreno de cerca de 20 mil metros quadrados perto de importantes pontos comerciais e turísticos: o Mercadão, a zona cerealista e o Museu Catavento.
Inaugurada no fim do século XIX, foi uma usina de gás de carvão. A produção foi encerrada em 1967. No ano seguinte, o espaço passou a ser ocupado pela Comgás. Em 1972, a companhia deixou o local. A velha usina chegou a ser a sede do Centro de Pesquisas sobre a Arte Brasileira Contemporânea e abrigou a Guarda Civil Metropolitana até ser fechada.
Em 2009, o governo pediu a desapropriação do espaço, que era do município. A ideia era fazer o Museu da História de São Paulo. O projeto arquitetônico estava pronto e uma empresa começou as obras. Trocou parte do telhado, construiu rampas e escadas e até uma área para restaurantes.
Em 2010, um ano depois de desapropriar o espaço, a o governo descobriu que o solo foi contaminado por uma espécie de chorume que saía do carvão. Toda a terra precisou ser removida.
Atualmente, as estruturas estão enferrujadas, há restos de materiais de construção por toda a parte. A área onde seria a administração está alagada.
“Parte do desenho museológico usava muito do subsolo Com a contaminação, o volume que foi, o Estado de SP também entendeu que não caberia mais aqui o museu, não faria mais sentido”, explicou Marilia Marton, secretária da Cultura e Economia Criativa de SP.
Ela garantiu que a contaminação está controlada e que foram gastos cerca de R$ 50 milhões para recuperar o solo e que o lugar vai se tonar um complexo com escola de moda e gastronomia, com exposições e feiras.
Wesley Espinosa Santana, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, comparou o caso com uma casa em reforma:
“É a mesma coisa que a gente olhar pra uma casa. Você tem um espaço numa casa e não consegue fazer reforma. Fica lá, você começa a colocar entulho e daqui a pouco fica inviável o espaço. Quando você tira todo o entulho e restaura, você ganha um espaço a mais de convivência. São condições pra termos uma cidade organizada, que pode ser explorada em todos os seus espaços e todos os seus limites”
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