RISCO IMINENTE – Castilho pode ficar sem Carreta do Hospital do Amor em 2020
- 12 de setembro de 2018
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Ausência a consultas e exames compromete inúmeros outros serviços e “rouba” vagas de outros cidadãos
A falta de compromisso de alguns castilhenses com a própria Saúde é algo que afeta não apenas o paciente alheio aos seus deveres, mas principalmente as centenas de mulheres com idades entre 40 e 69 que cumpriram à risca todo o protocolo desta campanha de Mamografia: agendar previamente as consultas e comparecer no dia e hora marcados.
A Carreta do Hospital do Amor (Barretos) chegou em Castilho na manhã do último dia 28 e iniciou o atendimento a partir das 14h. Problemas técnicos causados pela insuficiência de energia elétrica para abastecer os modernos equipamentos obrigaram a Secretaria de Saúde do Município a reagendar algumas consultas enquanto uma outra solução para contornar a falha provocada pela Elektro era procurada. Até aí tudo bem. A população reconheceu o problema e eficiência da Administração em resolvê-lo.
Neste mesmo dia, mais de 70 das 105 vagas ainda disponíveis (apesar da ampla divulgação realizada pela Prefeitura ao longo dos dois meses anteriores à chegada da Carreta) foram agendadas.
O compromisso firmado entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação mantenedora do Hospital do Amor é que, até sexta-feira, dia 14, a equipe de profissionais da Carreta realize GRATUITAMENTE um total de 1.200 exames de mamografia utilizando alguns dos equipamentos mais modernos disponíveis no mercado.
O agendamento do exame, além de gratuito, não depende de pedido prévio do médico. Outro fato extremamente importante é que as mulheres que realizam o exame nesta campanha, ganham também o direito a todo o tratamento caso seja diagnosticado o câncer de mama.
Para melhor orientar as mulheres, equipes da Estratégia Saúde da Família permaneceram em plantão diariamente no CIS para receber e auxiliá-las. Outra providência adotada pela Secretaria Municipal de Saúde visando possibilitar o acesso das mulheres que trabalham fora de casa no período comercial, é o funcionamento do CIS até as 19h em alguns dias (consulte as datas com seu Agente Comunitário ou diretamente no CIS, quando for agendar a consulta).
NÚMEROS QUE PREOCUPAM – Apesar de todos os esforços das equipes de Saúde, a ausência de muitas mulheres às consultas agendadas, ameaça o retorno da Carreta ao município em 2020 (as visitas acontecem a cada dois anos e as cidades precisam cumprir a meta de exames pré-fixadas). Segundo a Secretária de Saúde Janini Nascimento, uma média de 10 a 15 faltas estão sendo registradas diariamente desde o início da campanha.
“Estamos tentando reagendar com as pessoas que faltam sem qualquer aviso prévio, mas é complicado. Falta comprometimento da população com a própria saúde”, desaba a secretária. E os números fornecidos no decorrer destes dias pela equipe responsável pela campanha no município não mentem. Para o leitor ter uma ideia aproximada do problema, apenas 76 mulheres compareceram para realizar os exames agendados para a última segunda-feira (03). Para este dia, eram esperadas exatamente 90 mulheres.
Se estes números por si só não explicam a gravidade e motivo da preocupação dos gestores de Saúde do Município, vamos além. Novas informações fornecidas à nossa reportagem na tarde desta quarta-feira, 12 de setembro (apenas dois dias antes do término da campanha), tornam a crença no retorno da Carreta em 2020 quase uma utopia. Até agora, apenas 800 exames foram realizados. “Ainda faltam 400, ou seja, um terço da meta fixada. Provavelmente não cumpriremos a meta já que a campanha termina nesta sexta e a equipe da Carreta realiza uma média de 100 exames diários”, lamenta Janini.
Outro fato importante é que boa parte dos 800 exames realizados até agora não haviam sido pré-agendados. “Elas foram inseridas na lista conforme foram aparecendo, cobrindo as vagas daqueles que faltavam sem comunicar ou reagendar”, explica a enfermeira Adriana Rossini.
DESCASO QUE CUSTA CARO – O avanço do absenteísmo (ausência a consultas e exames agendados) é um fato que preocupa as autoridades castilhenses. “Estas faltas comprometem diretamente a quantidade de vagas disponibilizadas para o nosso Município. No caso de Barretos, pode inviabilizar o retorno da carreta daqui dois anos. No AME, estamos perdendo gradativamente as vagas com especialistas porque as pessoas simplesmente não comparecem no dia e horário agendado com bastante antecedência, mesmo sendo lembrados por telefone tanto pelo AME quanto por nossa equipe no CIS”, alerta Janini.
- A Campanha Nacional de Combate à Pólio acaba de ser prorrogada. O principal motivo é que a grande maioria dos municípios brasileiros não conseguir atingir a meta mínima de imunizar 95% do público-alvo da campanha que são crianças menores de 5 anos. Segundo dados disponibilizados à nossa reportagem pela Secretaria de Saúde, Castilho não atingiu esta meta entre as crianças de 01 e 02 anos de idade.
- A história se repete também nos exames de papanicolau (ou “preventivo”, como é mais conhecido entre as mulheres). Na média, são agendados 20 exames num dia e apenas duas ou três mulheres comparecem.
- O problema também acontece na área rural, onde ambulâncias do Município buscam pacientes para sessões de fisioterapia ou realização de exames e estes não comparecem ou utilizam o transporte apenas como carona para resolver assuntos particulares sem qualquer relação com a própria saúde.
- O atendimento do Centro Odontológico é outra vítima da falta de comprometimento popular. Ao longo do último mês de agosto, um total de 362 consultas e procedimentos agendados com os dentistas que atendem a população gratuitamente no Centro Integrado de Saúde (CIS), deixaram de ser realizadas porque os pacientes não compareceram e nem tampouco informaram a impossibilidade de presença para reagendamento.
- As consultas clínicas agendadas no CIS têm sido igualmente ignoradas por grande parte da população. Só no mês passado, foram confirmadas 344 ausências conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde.
- Banners fixados no CIS com a finalidade de alertar e conscientizar a população sobre estes problemas, também apontam outras 150 faltas de pacientes às consultas com especialistas em diferentes áreas.
CONSCIENTIZAÇÃO COMPLICADA – Importante frisar que a Prefeitura tem intensificado seus esforços para conscientizar a população e driblar o absenteísmo, utilizando os Agentes Comunitários de Saúde; reforçando os pedidos para que mantenham seus dados cadastrais sempre atualizados junto ao setor; ligando antes das consultas e exames agendados para reforçar o aviso; convidando a população para discutir este e outros problemas durante as Audiências Públicas de Saúde (às quais a presença popular é quase sempre irrisória); fixando cartazes que apontam a quantidade exata de exames e consultas agendadas e perdidas durante cada mês, além de divulgar estes e outros problemas em escala maciça através de sua assessoria de Imprensa, redes sociais e mídias independentes. Neste processo, vídeos, textos, fotos, notícias, cartazes, faixas, propaganda volante, rádio, internet e quaisquer outros meios disponíveis, têm sido utilizados pela Administração.
No AME, por exemplo, todo este esforço da Prefeitura contribuiu para reduzir as faltas primárias. Mas para obter esta conquista, foi preciso chegar ao extremo de ter que buscar em casa pacientes sem nenhuma dificuldade de locomoção.
Em poucas palavras, o comodismo castilhense pode custar caro ao município, comprometendo o acesso a diferentes serviços, num prazo não muito distante. Enquanto isso, centenas de pessoas aguardam em listas de esperas por outros serviços que dependem exclusivamente da capacidade operacional de atendimento de seus executores conveniados ao SUS ou ao Consórcio Intermunicipal de Saúde.