Governo de SP vai testar e produzir vacina contra coronavírus
- 11 de junho de 2020
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Parceria entre Instituto Butantan e farmacêutica chinesa Sinovac prevê ensaio clínico entre 9 mil voluntários no Brasil para comprovar eficácia de imunização
O Governador João Doria anunciou hoje (quinta-feira, 11) uma parceria inédita entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac para produção e testes em estágio avançado de uma vacina contra o coronavírus. O acordo prevê testagem em 9 mil voluntários no Brasil e fornecimento de doses até junho de 2021 se a imunização se provar eficaz e segura.
“A vacina do Butantan é das mais avançadas. Estudos indicam que ela estará disponível no primeiro semestre de 2021. Com ela, poderemos imunizar milhões de brasileiros”, anunciou Doria.
A vacina é chamada de CoronaVac pela farmacêutica chinesa e já foi administrada com sucesso em cerca de mil pessoas na China nas fases clínicas um e dois – antes, já havia sido aprovada em testes de laboratório e em macacos. Com o controle da pandemia na Ásia, a empresa sediada em Pequim buscava cooperação com outros países para dar sequência à etapa final de testes.
“Poucos meses após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no país, São Paulo vai liderar um ensaio clínico fase três e se prepara para iniciar a produção nacional de uma vacina promissora, que poderá ser disponibilizada em tempo recorde na rede pública de saúde”, afirmou o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.
PRIMEIROS PASSOS
Com a formalização do acordo, o Butantan submeterá a proposta de ensaio clínico à aprovação dos comitês de ética e pesquisa. Após o aval, a expectativa é que a testagem seja iniciada em julho.
O ensaio clínico vai verificar eficácia, segurança e o potencial do medicamento para produção de respostas imunes ao coronavírus nos 9 mil voluntários. O Butantan vai preparar centros de pesquisa para condução dos estudos em todo o Brasil.
Se a vacina for aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao SUS (Sistema Único de Saúde). Os passos seguintes são o registro do produto pela Anvisa e fornecimento da vacina em todo o Brasil.
COMO FUNCIONA
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), há cerca de 136 candidatas a vacinas contra o coronavírus em estudos em todo o mundo, mas somente dez estão na fase de ensaio clínico, que permite testagem em humanos. A vacina da Sinovac é baseada na manipulação em laboratório de células humanas infectadas com o coronavírus.
A vacina, então, é produzida com fragmentos “desativados” do coronavírus para inoculação em humanos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da COVID-19.
É o mesmo princípio usado em outras vacinas globalmente bem-sucedidas, como as do sarampo e poliomielite. O Butantan é o principal produtor de soros e vacinas do Brasil e possui expertise reconhecida em todo o mundo em tecnologias de imunização.
AMPLA COOPERAÇÃO
O Governador lembrou que a possibilidade de parcerias específicas entre o Estado e grandes empresas chinesas, como a Sinovac, teve início em agosto de 2019. Foi quando o Governo de São Paulo inaugurou um escritório comercial em Xangai.
Com o escritório na China, São Paulo fortaleceu e ampliou as relações econômicas com o país asiático, que é o maior parceiro comercial do Brasil em todo o mundo.
“Essa parceria entre o Butantan e a Sinovac é prova do apoio e investimento do Governo de São Paulo em ciência e tecnologia. E também na cooperação internacional e na boa relação com as nações”, completou Doria.